19/08/2008

Não deu certo? Recomece...

Sabe quando a vida profissional está um marasmo, você se sente completamente perdida e não consegue nem sequer pensar em um rumo diferente para ela? Então é exatamente assim que estou. Sempre tive muita certeza do que queria ser quando “crescer”, na época em que todo mundo estava se descabelando por não conseguir definir que faculdade cursar, eu estava mais segura do que nunca de que queria e iria fazer jornalismo, e fiz. Aí que a porca começou a torcer o rabinho de vez. Na facu já foi uma lástima, não conseguia estágio nem a pau e quando aparecia algum era para ser atendente, recepcionista, telefonista, nada que tivesse realmente a ver com o curso, fiz alguns e sem exagero, pagava para trabalhar. Quando aparecia algo na área tinha que ter inglês fluente o que para mim era complicado pois tive que parar o inglês quando entrei na facu, ou era um ou outro, pagar os dois que era totalmente impossível. Além do mais, não bastava ter inglês fluente, tinha que ter vivência no exterior...vejo que meu erro foi não ter feito o bendito intercâmbio que tanto desejei antes de optar pelo curso superior, aliás está é minha dica para quem está saindo do colegial agora, não esquenta a cabeça, coloca a mochila nas costas e passe pelo menos uns dois anos fora, conheça o máximo que puder e só então decida o que fazer. No último ano consegui estágio no que realmente queria - jornal impresso (adoro a correria do ambiente), foram os melhores quatro meses que já tive, uma maravilha fazer o que se gosta e ainda ser razoavelmente recompensada por isso. Só que ali já percebi algo, se quisesse ficar teria que ser “algo de alguém”. Jornalista mete o pau em casos de nepotismo, mas pude constatar que é bem o “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Na redação TODOOOOOOOO MUNDOOOOOO era algo de alguém , mais ou menos assim: O editor chefe era casado com a secretária de redação que era madrasta do repórter policial, que por sua vez era sobrinho do editor de política e que namorava a moça do arquivo, que era amiga do editor de fotografia que era irmão do editor gráfico, que era prima do editor de cidades que era casado com a editora de variedades blábláblábláblá.
Tinha até uma garota que fez estágio e acabou virando “freela fixo”, diziam que ela só começou a namorar um dos editores para conseguir ficar por lá, bom se é verdade eu não sei, mas o fato é que uma semana após ser finalmente efetivada ela terminou o namoro...então ta néeeeeeeeee. Como eu não era parente de ninguém e já estava “amorosamente” muito bem definida, não me restou nenhuma chance, depois de quatro meses acabou tudo de vez. Fiz freela aqui, freela ali, mas nada que desse para me manter, tenho trabalhado em empresa de comunicação desde então, mas sempre na área administrativa, que eu gosto, mas não tanto quanto do jornalismo.
O fato é que começamos a faculdade com uma turma de 60 alunos, na formatura deveríamos ser um número de 30 ou menos. Os que resolveram abandonar o curso e seguir para outra área vai muito bem obrigada, mas, os que como eu resistiram bravamente (com exceção de 6 ou 7 que conseguiram bons estágios), continuam trabalhando onde trabalhavam antes de fazer jornalismo. Três anos após a formatura alguns já desistiram de vez e se formaram em outras áreas, outros sonham e sonham em um dia realmente viver de jornalismo e eu, bem, eu estou aqui, passando por aquela fase que eu pulei aos 17 anos – “O que vou fazer da vida? Que curso devo fazer? Faço alguma coisa na área de comunicação mesmo e corro o risco de ser mais um dinheirão jogado fora?
É horrível esta sensação, e olha gente não é por falta de vontade ou de correr atrás que não estou na área não, batalho muito por um lugar ao sol, comigo acontece o “quase lá”, sempre aparece algo legal e que já está certo aí quando estou “quase lá” dá tudo errado e volto para o mundinho da administração.
O fato minha gente que preciso comer, beber, dormir, morar e tudo isso sai do meu bolsinho ou melhor da minha bolsinha linda, não posso me dar ao luxo de sentar e esperar por uma oportunidade. Já fiquei muito triste por não ter dado certo, afinal foram muitas madrugadas de estudos, muita + muita grana (daria para ter comprado minha tão sonhada casinha), mas hoje não há decepção ou tristeza, o que me deixa apreensiva é não saber exatamente que caminho seguir.
Aí percebo que estou cometendo o mesmo erro que cometi na adolescência, querendo ter resposta certa e definitiva já, quando o ideal é esperar.
Se fosse uma mulher para quem a vida profissional não fosse importante estaria tudo muito bem, tenho um marido lindo, um anjo que amo de paixão e que faz minha vida ser maravilhosa. Cuidaria da minha casa, planejaria um filho, só que não sou assim, amo está vida doméstica, mas não abro mão de ter meu lado profissional.
Cheguei a conclusão de que é melhor me aquietar, e resolvi que preciso de um tempo, um tempo para mim, não farei mestrado, nem outro curso superior enquanto não “me descobrir”, quero neste momento focar todos os meus esforços para comprar minha casa, depois finalmente conhecer os lugares que sempre sonhei – Espanha e Austrália, e só depois sentar e avaliar que caminho seguir. Tenho um emprego legal que pode não ser o que realmente desejo, mas que me dá de certa forma uma estabilidade (tenho pavor de desemprego) e que me deixa segura financeiramente para a realização de alguns objetivos.
Entendo hoje que ficar “parada” não é perda de tempo como todos te fazem acreditar, tirar um tempo na vida para se reavaliar, buscar o que realmente é essencial e o que é totalmente dispensável é crescer, amadurecer e tentar fazer a vida valer a pena. O problema é que a maioria faz isso quando já está na aposentadoria, resolvi adiantar está fase, e descobrir agora o que realmente posso e consigo fazer...não quero começar a viver apenas aos 60 anos, quero chegar lá já certa das minhas escolhas.

2 comentários:

Cinthya Rachel disse...

entendo vc. acho q quase todo mundo passa por essas fases. te desejo sorte e que vc se ache. um beijo

Menina de óculos disse...

Eu tenho passado por essas dúvidas todas aí. Fiz letras, fiz mestrado, tô terminando jornalismo, mas emprego legal e dinheiro bom eu não tenho não. Tenho feito só o que é possível pra sobreviver. Às vezes, eu me preocupo outras vezes eu deixo o tempo passar pra ver o que acontece. Vamos vivendo, quem sabe um dia melhores oportunidades chegam pra nós.
Beijo grande Frau